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terça-feira, 16 de junho de 2009

Quando perdemos Alguém

Quando, ao fim de algum tempo, a fatalidade da perda é aceite emocionalmente, quando sentimos que, apesar de todas as esperanças, o nosso amor efectivamente nunca mais regressará, entramos num luto interno, sem volta .Quando, ao fim de algum tempo, a fatalidade da perda é aceite emocionalmente, ou seja, quando sentimos que, apesar de todas as esperanças, o nosso amor efectivamente nunca mais regressará, entramos em desespero total.
Iniciamos um período de grande sofrimento, o tal que temíamos, na fase anterior, vir a abater-se sobre nós. Embora seja um sofrimento indolor fisicamente, nem por isso deixa de ser menos doloroso.
O mundo parece-nos agora completamente vazio e sem interesse. Sentimo-nos amputados, pois falta algo de nós. Vivemos, por isso, em constante agitação e desorientação, sem saber para onde ir e o que fazer, morremos por dentro sem haver volta a dar.
Emocionalmente sentimos ansiedade, medo, tristeza, agressividade e culpa. Principalmente culpa quando alguém nos diz, que nunca amamos e que nunca sentiu amor da nossa parte, “amor por mero interesse”
É durante esta fase que ocorrem com frequência episódios depressivos, como o desalento, a tristeza, a irritabilidade, a introversão, o isolamento e as alterações de apetite, de sono e da libido.
Escorregando por um plano inclinado cujo fim não logramos vislumbrar, assusta-nos a ideia de que estes comportamentos negativos e o sofrimento nos acompanharão até ao fim dos nossos dias. E como a intensidade é tão forte desesperamos imaginando-nos a enlouquecer.
Estes comportamentos constituem um mecanismo de defesa do organismo que permitem a obtenção do tempo indispensável para nos prepararmos psicologicamente para:
- aceitar que não poderemos continuar a partilhar parte da nossa intimidade com a pessoa amada;
- admitir que perdemos a segurança física e emocional que ela nos proporcionava;
- deixar-nos abater e tolerar o elevado sofrimento iminente

"Suicidio"...Estamos preparados para lidar com ele?

- Embora ainda rodeado de alguns mistérios, o suicídio continua a ser uma realidade: encontra-se desde que o homem existe, em todos os tempos e em todos os lugares; aparece quase todos os dias nos jornais; a literatura, o teatro e o cinema recordam-no frequentemente. Ultimamente, muito se tem falado, muito se tem escrito e muito se tem discutido sobre a temática tentativa de suicídio/suicídio: psicólogos, médicos, assistentes sociais, sociólogos, antropólogos, entre muitos outros especialistas, têm-se dedicado a este tema. Havendo muitos escritos sobre as causas dos comportamentos suicidários, considera-se que as principais se relacionam com factores sociais (situação familiar, situação profissional, condições religiosas, circunstâncias políticas e económicas, estrutura e densidade sociais, etc.), factores biológicos (depressão, agresividade, etc.), factores psicodinâmicos e factores físicos (influências geodemográficas, influências corporais normais, como seja a idade, o sexo, a raça e o temperamento, influências corporais mórbidas, etc.).
- O suicídio, mesmo cometido em público, persiste como o mais misterioso acto do ser humano. Esta simples frase encerra a condição humana, as suas maiores inquietações e perplexidades. Quando Donne no Biathanatos (1644) se refere ao auto-homicídio, não com o sinete do pecado mas com a reflexão de que o que é natural à espécie nem sempre o é para o homem, desperta para a complexidade dos mecanismos da mente. Na verdade, talvez que, depois do sexo, o último tabu do final do século XX seja a morte. (…) Ainda que haja um maior reconhecimento da necessidade de identificar e tratar os doentes com comportamentos suicidários recorrentes, não há nenhuma teoria coerente acerca deste fenómeno, que possa orientar a prática clínica. (…) Como dizia Voltaire no Cato, "O homem que hoje se mata, num momento de melancolia, desejaria viver se esperasse uma semana".
- A discussão envolvendo a temática do suicídio é das mais importantes na realidade contemporânea. Alguns teóricos afirmam que o suicídio é uma epidemia contagiosa que se alastra no seio da sociedade quando divulgada, mas esse tema não pode ser confinado a tais asserções, com o risco de se incorrer em erro. Em termos estritamente filosóficos, o suicídio é um acto que questiona a existência de modo drástico e definitivo. Não atinge apenas a vítima, mas também os seus familiares e amigos íntimos.
- A violência e o suicídio são factores interligados de uma mesma manifestação: o desespero humano e, no momento, em que as pessoas estão sendo atiradas às raias do desespero pelas mais variadas razões.
- O adolescente, mais do que ninguém, sabe das transformações que o seu corpo e a sua personalidade está a passar. Geralmente, encara essas transformações com intolerância e reservas. Sente-se inseguro de si próprio,desorientado e estranho. E desta forma, muitas vezes, nem consegue perceber o momento mágico que está a passar ou viver, enquanto os adultos, sonham voltar há fase das descobertas, do encanto, e de todas as emoções fortes e aventuras vivadas.
- O jovem tem oportunidade de despertar para novas descobertas e experiências de viver sem preocupações. Mas não é só esta a realidade. No geral, ele encontra-se dividido entre os mais diversos conflitos íntimos. É difícil identificar-se, agrupar-se, acham as crianças chatas e infantis e os adultos perseguidores e atrasados. Então, ele forma grupos ou isola-se. Mesmo que a juventude dê a impressão de liberdade emocional, o jovem sofre muito por não conseguir entender, nem se sentir entendido. Confrontado com a realidade e o cotidiano, o mundo revela-se para ele, como fonte de angustias e insegurança.
- É neste momento que o adolescente quer firmar valores. Quando encontra dificuldades nisto, entra em conflito e vai em busca de novos valores. Outros aspectos marcantes desta fase são o despertar da sexualidade, a luta por causas nobres e ideais, a procura da explicação para coisas do mundo e a busca ou negação de crenças religiosas. Percebemos então, claramente, o idealismo, a audácia, a mudança, a curiosidade do adolescente opondo-se às frustrações, impedimentos, dificuldades. Então, começa o envolvido por emoções profundas e ainda desconhecidas. Age e sente de forma incoerente e nem sabe porque. Sente-se só, muito só.Passa, então, facilmente do riso às lágrimas, da alegria à tristeza. Da tristeza, muitas vezes à depressão. Que chega, instala-se, é silenciosa e perigosa. Cala-se. Sufoca. Mata! Porque faz querer morrer.
É um grito! De socorro! Imediato!
- Muitas pessoas confundem depressão com tristeza. A tristeza faz parte da vida psicológica de qualquer ser humano, que em algum período, passa por stress, percas ou dificuldades. Mas quando passa a tristeza, modifica-se o comportamento e diminui o funcionamento da pessoa, temos então que pensar, em depressão, em doença, que precisa de tratamento!
Porque nas profundezas de todo o tipo de depressão, existe o desencanto pelas emoções e alegrias da vida!
"O suicídio entre jovens representa o ápice da insatisfação, representa uma solução desesperada para fugir da depressão." O motivo aparente de um adolescente suicida, é apenas o último factor de uma série de causas que, já eram sinais de alarme. O "eu", de quem se suicida, sente-se naquele momento fragilizado ao ponto de ser dominado pelo instinto da morte.

"Tinha tanto para dizer...mas a quem?" (13 anos)
"...está tudo horrível. Não sirvo mesmo para nada." (17 anos)
"...eu não fiz isto. Mas ninguém acredita em mim." (13 anos)

- Pensando nos sintomas descritos nos relatos acima, podemos até, nos lembrar de já termos ouvido no nosso meio de convivência, frases semelhantes como "...estou cansado da vida... os meus pais estariam melhor sem mim..."
É importante dar atenção a estes sinais de alerta, pois muitas vezes, por observação e participação na vida do outro, ajudamos para que ele reencontre a alegria e o sentido da vida. Escutar! Sempre! E aí pode-se orientar filhos, alunos, amigos, parentes, vizinhos.
- Os motivos que levam adolescentes ao suicídio são vários. A principal causa da autodestruição é a incapacidade de se ajustarem às regras e padrões da sociedade.
- Freud, por exemplo, achava que a civilização eliminou a vida instintiva do homem, vindo daí sua dificuldade em afirmar-se individualmente no grupo, quase sempre hostil às chamadas excentricidades de cada um. Nos seus estudos, concluiu que “Thanatos” (morte em grego) estaria em luta constante contra o instinto oposto.
“Eros” (a personificação do princípio de prazer, responsável pela vida). Desta forma, o suicídio ocorre, quando o amor, tendo perdido temporariamente seu poder, não pode opor-se ao instinto de morte.
- O suicídio é, sem dúvida, a mais dramática forma de autodestruição, uma negação total à vida e aos seus prazeres, atinge no nível do bom senso, as raias do absurdo.
Sempre chocam! Impressionam! E até por isso alguns episódios ficaram historicamente registados e tragicamente lembrados: os ataques suicidas dos "camicases", na Segunda Guerra Mundial e os monges budistas que transformaram-se em tochas humanas, para protestar contra a Guerra do Vietname. Mas ainda que aleguem "causas nobres", são sentimentos fortes e incontidos de raiva, medo e angústia que os destruíram.
- Não se pode deixar de acrescentar, o suicídio como tentativa de escapar aos horrores da depressão.
Mas, diante da brutalidade do assunto e do desfecho, sabemos que existe luz no túnel, e não só no fim dele. Isto porque, é crescente o nível de observação e informação apresentados por parte de líderes espirituais, professores, pais, vizinhos parceiros e amigos; além dos profissionais de saúde, para as manifestações de transtornos psíquicos manifestados pelos jovens. Que devidamente observados e reconhecidos, são encaminhados para tratamento adequado. Pode ser esta a ajuda de que precisam. Pode ser este o eco da resposta que buscam. Ajuda! "O medo de quem navega é sempre a terra"

quinta-feira, 4 de junho de 2009

...Como é que vejo os outros, aqueles que são diferentes de mim...


- Os nossos olhos vêm a nossa prespectiva do mundo, a nossa alma lida com os nossos sentimentos sobre a nossa prespectiva de vida, e parece que todos andamos nestas vidas paralelas, únicas e inclusivé individualistas.

O que tenho vivido e o que tenho passado, chego à conclusão que uma das coisas mais difíceis, se não a mais ou mesmo impossivel é colocar a nossa visão nos olhos dos outros, ou seja, passar todos os nossos sentimentos, ou o nosso ser visionário, para outra pessoa, proporcionando-lhe uma visão diferente, a nossa!

Será isto possivel?

Com a troca de prespectivas, com o nosso partilhar cognitivo ou dos nossos horizontes, talvez seria possivel, a visão real, seria possivel conviver abertamente.

A nossa razão, os nossos pensamentos refugiam-se nos nossos argumentos individuais, nas nossas crenças, nas nossas expectativas e experiências, porque apesar de sermos nós, "todos diferentes", a nossa retórica tenta sempre convencer os outros, ou seja, levar a nossa avante...

Mas mesmo assim é difícil fazer-nos compreender, fazer-nos ver os olhos dos outros. O mais difícil é conhecer-nos por dentro, o que realmente somos.

Temos que ceder, esquecer, ultrapassar e perdoar, o caminho que fica para trás nao foi o que traçámos, mas a rota possivel.

Será que aqueles que são diferentes de mim, olham da mesma maneira que olho para os outros?

É como um passeio cheio de pessoas, numa hora de ponta, apesar de querermos seguir em frente temos que ir nos desviando dos outros, os outros diferentes de nós.

Mas mesmo assim nós que vemos os outros, ou os outros que nos vêem a nós?